Comecei o ano de 2025 com uma leitura que há muito estava na minha lista: O velho e o mar, de Ernest Hemingway. Estava na praia, o que já me pareceu um cenário perfeito para me conectar com a narrativa de um pescador e seu grande desafio. Recentemente, escrevi no blog sobre como algumas leituras combinam com momentos da vida, e essa experiência reforçou minha convicção de que os livros podem dialogar profundamente com o contexto em que são lidos.
SINOPSE
Hemingway, conhecido por sua escrita direta e concisa, mostra mais uma vez seu talento em envolver o leitor com simplicidade. O começo do livro é instigante, apresentando Santiago, um velho pescador cubano que já não consegue obter sucesso em suas pescarias. Sua conexão com o jovem Manolin adiciona uma dimensão humana – quase familiar – que dá ao leitor uma base emocional para embarcar na jornada.
A parte central da obra, contudo, exigiu mais paciência da minha parte. O detalhamento da pesca, com descrições minuciosas sobre o comportamento dos peixes e as estratégias de Santiago, é interessante, mas talvez encante mais aqueles que têm afinidade com a prática. Descobri, ao pesquisar, que o próprio Hemingway era um ávido pescador, o que explica o realismo dessas passagens. No meu caso, foi um momento mais morno na leitura, embora reconheça que essa parte do texto tenha um papel crucial na construção da tensão e no desenvolvimento do personagem.
Falam do mar como de um adversário, de um lugar ou mesmo de um inimigo. Entretanto, o velho pescador pensava sempre no mar no feminino e como se fosse uma coisa que concedesse ou negasse grandes favores; mas se o mar praticasse selvagerias ou crueldade era só porque não podia evitá-lo. 'A lua afeta o mar tal qual afeta as mulheres', refletiu o velho." p. 32
O clímax da história, porém, me surpreendeu. Não esperava me sentir tão imersa em uma narrativa sobre a luta de um homem para pescar um peixe gigantesco. As últimas páginas trazem uma intensidade que contrasta com o ritmo anterior, levando a uma reflexão profunda sobre a natureza dos desafios que escolhemos enfrentar.
Ao final, fiquei pensando no simbolismo da jornada de Santiago. Para mim, ela traz uma mensagem sobre os perigos de se almejar objetivos gigantescos, especialmente quando partimos de um ponto de vulnerabilidade. Santiago, já idoso e fisicamente desgastado, embarca em uma luta que, embora heroica, termina com uma sensação agridoce. Li que Hemingway considerava essa obra uma reflexão sobre a resistência humana diante das adversidades, algo que fica evidente na resiliência do personagem.
O que aconteceu é que acabou a minha sorte. Mas quem sabe? Talvez hoje. Cada dia é um novo dia. É melhor ter sorte. Mas eu prefiro fazer as coisas sempre bem. Então, se a sorte me sorrir, estou preparado." p. 35
Essa foi minha segunda experiência com Hemingway; no ano passado, li e resenhei Paris é uma festa, um livro completamente diferente, mas igualmente marcante. Enquanto naquela obra o autor celebra a efervescência criativa de Paris, em O velho e o mar ele se volta para algo mais introspectivo, explorando a solidão, a luta e, de certa forma, a aceitação.
Se você busca uma leitura que combina reflexão, intensidade e uma narrativa impecável, recomendo fortemente O velho e o mar. E, se puder, leve-o para a praia. Talvez o som das ondas e a imensidão do mar tornem a experiência ainda mais especial.
E você, já leu algo de Hemingway? O que acha de sua narrativa? Me conta nos comentários!
ISBN: 978-85-286-1798-6
Editora: Bertrand Brasil
Nota: 3,5/5
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