Nos primeiros meses deste ano, meu ritmo de leitura estava a todo vapor. Até junho, já havia devorado quase 30 livros, imersa em histórias que pareciam me chamar a cada página. Era como se a leitura fluísse sem esforço, um hábito natural que preenchia meus dias com prazer e descobertas.
Os últimos dois meses foram bem diferentes. Com as demandas do trabalho e do mestrado, a ansiedade batendo à porta e a sensação constante de que o tempo nunca é suficiente, percebi que a leitura foi ficando para depois. Um capítulo que era para ser um intervalo prazeroso se transformou em mais uma tarefa adiada. Eu procrastinei, abandonei livros pela metade e, muitas vezes, sequer iniciei outros que estavam me esperando na estante.
No começo, isso me incomodou. Fiquei me perguntando se estava perdendo o que antes parecia tão natural e prazeroso. Mas, aos poucos, percebi que essa variação é normal. O ritmo da vida muda, e o ritmo da leitura segue junto. É impossível manter o mesmo nível de energia e dedicação o tempo todo, em qualquer área da nossa vida.
E, na verdade, isso é algo que muitos leitores passam. Para várias pessoas, os períodos de maior estresse ou mudanças de rotina impactam diretamente o hábito de leitura. Não é sobre disciplina ou organização, mas sobre prioridades momentâneas e o que conseguimos abraçar sem nos sobrecarregar. Talvez a ideia de "ler muito" tenha se transformado, para algumas pessoas, em um indicador de produtividade, como se fosse uma meta a ser batida e não algo prazeroso. Quantos livros você já deixou de lado por achar que eles não se encaixavam no seu “desempenho esperado”? Muita gente adia a leitura de um calhamaço por conta disso, sabendo que vai levar semanas ou meses pra terminar.
LEIA TAMBÉM: Perdendo o medo dos clássicos
Escrevo isso para lembrar a mim mesma – e a você, que me lê agora – que o mais importante não é a quantidade de livros lidos, mas o quanto eles nos tocam e nos transformam, no tempo certo. Está tudo bem ler muito em um momento e ler pouco em outro. Está tudo bem, também, deixar a leitura descansar por um tempo até que ela volte a caber na sua rotina.
E vocês, como têm lidado com a leitura ultimamente? Já passaram por momentos de leitura intensa seguidos por períodos em que ler parecia difícil? Como se sentem em relação a isso?
Quero muito ouvir de vocês, porque, no fim das contas, a experiência de cada leitor é única, e é isso que torna a nossa relação com os livros tão rica.
0 Comentários
Postar um comentário