Resenha: O grande Gatsby (F. Scott Fitzgerald)

Ler O Grande Gatsby foi uma experiência que, mesmo meses depois, ainda ressoa na minha memória. Publicado em 1925, o romance de F. Scott Fitzgerald é um retrato fascinante da Era do Jazz nos Estados Unidos, um período de prosperidade econômica, festas extravagantes e moralidade questionável. Ao longo das páginas, somos transportados para o coração da década de 1920, com suas mansões grandiosas, festas inesquecíveis e um mundo em que a opulência e a solidão convivem lado a lado.

o grande gatsby

SINOPSE

Anfitrião das festas mais luxuosas de Nova York, Jay Gatsby é um jovem milionário que encarna o sonho americano dos anos 20. Admirado por todos e conhecido por ninguém, pouco se sabe sobre a origem da fortuna que fez com as próprias mãos.
É através dos olhos de Nick Carraway, seu vizinho e confidente, que nos aproximamos desse misterioso self-made-man, e enxergamos o rastro de poeira imunda deixado pelo glamour e materialismo desenfreados.
Publicado pela primeira vez em 1925 e desde então adaptado diversas vezes para o cinema, esse clássico de F. Scott Fitzgerald capta o espírito de uma época ao mesmo tempo que faz uma crítica contundente e ainda atual à sociedade norte-americana. A nova edição da Antofágica foi traduzida por Rogerio W. Galindo e traz ilustrações de Virgílio Dias, além de textos complementares de Maria Elisa Cevasco, Facundo Guerra e Sergio Rizzo e apresentação de Rita von Hunty. Anfitrião das festas mais luxuosas de Nova York, Jay Gatsby é um jovem milionário que encarna o sonho americano dos anos 20. Admirado por todos e conhecido por ninguém, pouco se sabe sobre a origem da fortuna que fez com as próprias mãos.
É através dos olhos de Nick Carraway, seu vizinho e confidente, que nos aproximamos desse misterioso self-made-man, e enxergamos o rastro de poeira imunda deixado pelo glamour e materialismo desenfreados.


contra capa o grande gatsby

Já familiarizada com a escrita de Fitzgerald, graças ao brilhante O Curioso Caso de Benjamin Button (sim, aquele conto que inspirou o filme de David Fincher), eu sabia que podia esperar um texto primoroso. Fitzgerald escreve como quem pinta um quadro impressionista: seus cenários são vívidos, suas metáforas surpreendem e suas palavras parecem dançar na página. Em O Grande Gatsby, porém, sua habilidade narrativa atinge outro nível, transformando uma história aparentemente simples em algo incrivelmente denso e simbólico.

A história: glamour, tragédia e ilusões

O enredo, narrado por Nick Carraway, é centrado em Jay Gatsby, um homem misterioso e incrivelmente rico, conhecido por dar festas opulentas em sua mansão em West Egg. Gatsby, no entanto, não é apenas um anfitrião extravagante; ele é um homem consumido por uma paixão intensa e obsessiva por Daisy Buchanan, sua antiga amada, agora casada com o arrogante Tom Buchanan.

À medida que o romance se desenrola, fica claro que Gatsby construiu sua fortuna e sua vida em torno de um sonho – o de reconquistar Daisy. Mas O Grande Gatsby é mais do que uma história de amor; é uma crítica afiada ao sonho americano e suas promessas ilusórias. Cada personagem carrega uma dose de falhas e contradições que tornam impossível amá-los plenamente – e, talvez, seja justamente isso que os torna tão humanos.

Apesar de ser difícil criar empatia por Daisy ou Tom, é impossível não se impressionar com Gatsby e sua devoção romântica quase irracional. Ele é uma figura trágica, um homem que transformou o amor em sua única razão de existir, enquanto ignora o vazio ao seu redor.

A Era do Jazz e o contexto econômico

A ambientação da década de 1920 é um dos pontos altos do livro. O período, também conhecido como Roaring Twenties, foi marcado pela ascensão econômica nos Estados Unidos, com o boom do mercado de ações, o crescimento das cidades e uma sociedade cada vez mais hedonista. Contudo, Fitzgerald vai além das festas e do glamour para expor as desigualdades e os perigos da busca desenfreada por riqueza.

É invariavelmente entristecedor observar por meio de novos olhos coisas com as quais você já havia gastado sua própria energia de adaptação" p. 203

West Egg e East Egg, as duas localidades fictícias onde a trama se desenrola, representam simbolicamente as divisões sociais: de um lado, os ricos novos, representados por Gatsby; de outro, a velha aristocracia, representada por Daisy e Tom. Essas divisões ecoam até hoje e tornam o romance incrivelmente atual.

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Adaptações: o clássico e o moderno

Não há como falar de O Grande Gatsby sem mencionar suas adaptações cinematográficas. A mais recente, de 2013, dirigida por Baz Luhrmann e estrelada por Leonardo DiCaprio, dividiu opiniões – e eu estou entre aqueles que têm sentimentos mistos sobre ela.

Embora o filme capture a grandiosidade das festas de Gatsby e explore bem o desespero do personagem principal, a mescla de elementos modernos, como a trilha sonora contemporânea (com Beyoncé e Jay-Z, por exemplo), pareceu deslocada para mim. A vibe melancólica e poética do livro acabou diluída em meio ao espetáculo visual, o que faz o filme perder parte da essência do texto de Fitzgerald. Ainda assim, a atuação de DiCaprio como Gatsby é memorável e traz à vida toda a intensidade e vulnerabilidade do personagem. Tobey Maguire também foi uma escolha interessante para Nick Carraway, apesar de eu ter sentido que ele não conseguiu traduzir tão bem a vibe do personagem do livro. 

***

O Grande Gatsby é um clássico por uma razão: ele não apenas conta uma boa história, mas também nos faz refletir sobre o que valorizamos, as ilusões que alimentamos e as consequências de nossos desejos. É uma leitura que, ao mesmo tempo que encanta, incomoda.

Se você ainda não leu, recomendo fortemente. E, se já leu, vale revisitá-lo. Afinal, a grandeza de Gatsby está em seu simbolismo e no que ele nos revela sobre a nossa própria humanidade.

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Nota: 5/5 ⭐

Editora: Antofágica

ISBN: 978-65-86490-04-6

1 Comentários

  1. A resenha me fez ficar muito curiosa e com muita vontade de conhecer a história 👏🏽👏🏽

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