Resenha: Matadouro-Cinco (Kurt Vonnegut)

Matadouro-Cinco é um desses livros que eu sempre ouvi falar muito, mas do qual eu sabia muito pouco sobre o que se tratava. Sempre o via figurando na lista de favoritos de algumas pessoas, e já fazia alguns meses (para não dizer anos) que ele estava na minha estante aguardando para ser lido. Finalmente pus fim à minha curiosidade sobre este livro e finalizei esta leitura. Vamos para a resenha? 

matadouro-cinco

SINOPSE

O humor e estilo únicos e originais de Kurt Vonnegut o fizeram um dos escritores mais importantes da literatura norte-americana. Sarcástico, ele foi capaz de escrever sobre a brutal destruição da cidade de Dresden, na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial ― sem apelar para descrições sensacionalistas. Em vez disso, criou uma história imaginativa, muitas vezes engraçada e quase psicodélica, estrategicamente situada entre uma introdução e um epílogo autobiográficos.
Assim como Billy Pilgrim, o protagonista de Matadouro-Cinco, Vonnegut testemunhou como prisioneiro de guerra, em 1945, a morte de milhares de civis, a maior parte deles por queimaduras e asfixia, no bombardeio que destruiu a cidade alemã. Billy tinha sido capturado e destacado para fazer suplementos vitamínicos em um depósito de carnes subterrâneo, onde os prisioneiros se refugiaram do ataque dos Aliados. Salvo pelo trabalho, depois de ter visto toda sorte de mortes e crueldades arbitrárias e absurdas, Billy volta à vida de consumo norte-americana e relata sua pacata biografia, intercalando sua trajetória aparentemente comum com episódios fantásticos de viagens no tempo e no espaço.
Ao capturar o espírito de seu tempo e a imaginação de uma geração ― afinal, o livro foi publicado originalmente em 1969, em plena guerra do Vietnã e de intensos protestos e movimentos culturais ―, o livro logo virou um fenômeno e sua história e estrutura inovadoras se tornaram metáforas para uma nova era que se aproximava. Ao combinar uma escrita cotidiana, ficção científica, piadas e filosofia, o autor também falou das banalidades da cultura do consumismo, da maldade humana e da nossa capacidade de nos acostumarmos com tudo. Qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência.

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capa matadouro-cinco

Antes de falar sobre o enredo deste livro, acho importante contar um pouquinho sobre o autor, Kurt Vonnegut. Começo falando dele por que muito do que o autor viveu está presente na história: ele lutou na Segunda Guerra Mundial pelos EUA e sobreviveu ao bombardeio de Dresden, que aparece no livro. No primeiro capítulo a sua vivência se entrelaça com o que ele está prestes a escrever, num formato interessante que mistura ficção e realidade. Sim, esse livro será sobre a guerra. Mas também será uma ficção científica repleta de elementos fantásticos.

O livro é tão curto, tão confuso, tão desarmônico, Sam, porque nada de inteligente pode ser dito sobre um massacre. Todos devem estar mortos, sem nunca mais dizer ou querer nada. Tudo deve ser muito quieto depois de um massacre, e sempre é, exceto pelos passarinhos." p. 37

Daí temos Billy Pilgrim, o nosso protagonista. Um jovem rapaz, um velho sobrevivente da guerra, um filho, um pai. Billy mostra ser tudo isso em viagens no tempo e espaço que revelam partículas de momentos de sua vida, saltando de uma situação para a outra, e tendo encontros com criaturas enigmáticas. 

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O tom do livro é majoritariamente satírico, com sacadas bem interessantes sobre a guerra e os ideais americanos. Há muita tragédia, muito rancor substituído pela expressão "é assim mesmo" que aparece de maneira insistente no livro. Isso para mim marcou muito a escrita de Kurt, que tem algo que eu nunca vi antes. A estrutura do livro reflete a própria essência da experiência de guerra: caótica e desordenada. Vonnegut não tenta embelezar ou romantizar o horror do conflito; em vez disso, ele o apresenta de uma forma crua e muitas vezes absurda.  É sempre um deleite ler algo de um escritor autêntico em suas palavras. 

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Outro aspecto notável é o impacto duradouro do livro. Publicado em 1969, Matadouro-Cinco continua relevante por sua abordagem inovadora do trauma e da memória. A influência de Vonnegut na literatura moderna é inegável, e este livro em particular abriu portas para uma nova forma de abordar histórias sobre a guerra, misturando o real com o fantástico de uma maneira que poucos autores conseguiram igualar.

Isso é uma das coisas que os terráqueos poderiam se esforçar para aprender: ignorar os momentos horríveis e se concentrar nos bons." p. 162

Por fim, Matadouro-Cinco é mais do que um relato sobre o bombardeio de Dresden; é uma meditação sobre o absurdo da vida e da guerra, apresentada com uma autenticidade que só um autor como Vonnegut poderia oferecer. Ao terminar a leitura, você não pode deixar de refletir sobre a maneira como a guerra molda nossas vidas e como, às vezes, a única resposta possível é aceitar o caos com um misto de resignação e humor.

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ISBN: 978-85-510-0459-3

Editora: Intrínseca 

Nota: 5/5⭐

1 Comentários

  1. Muito interessante. Curiosidade ativada com sucesso ☺️ Com certeza uma boa leitura por todo contexto explanado aqui👏🏽👏🏽

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