Resenha: Sr. Loverman (Bernardine Evaristo)

Ler este livro sem conhecer a sinopse me trouxe boas surpresas, mas não haveria como resenhá-lo sem revelar algumas informações, mas que não são spoilers e de forma alguma comprometem a experiência de leitura. Foi a minha primeira leitura completa da Bernardine Evaristo ― anos atrás tentei ler "Garota, mulher, outras", mas não me conectei com a história naquele momento e decidi tentar novamente no futuro ― e neste post irei compartilhar as minhas impressões sobre Sr. Loverman. 

sr loverman

SINOPSE

Barrington Jedidiah Walker é um homem que chegou longe. Nascido em Antígua, no Caribe, migrou para Londres depois de casar-se com Carmel. Juntos, formaram uma família e alcançaram um nível de conforto material que poucos conseguem ter. Inteligente e vaidoso, só usa ternos elegantes e nunca perde a oportunidade de citar Shakespeare em conversas casuais. O que ninguém sabe é que ele leva uma vida dupla: há décadas mantém um caso extraconjugal com Morris, seu amigo de infância. Aos 74 anos, Barry finalmente decide divorciar-se de Carmel para viver com seu verdadeiro grande amor ― mas isso significa colocar em risco tudo o que conquistou.

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capa sr loverman

Em Sr. Loverman temos um protagonista idoso e gay, mas que é casado há mais de 40 anos com uma mulher, com quem teve duas filhas. Seu melhor amigo é, em segredo, seu namorado, com quem mantém relações deste a adolescência. Assim ele viveu ano após ano, tendo uma vida dupla, até que aos 74 anos ele parece ter chegado ao seu limite. Entretanto, conseguir se divorciar de Carmel não será uma tarefa fácil. 
Se alguém pede a liberdade, você tem que dar; caso contrário você se torna o carcereiro." p. 89
No contexto do personagem temos um senhor que vive uma vida confortável, após ter se protegido financeiramente através de investimentos que lhe garantiram certa segurança. Por outro lado, ele é um homem completamente inseguro quanto à sua sexualidade, não sendo capaz de tomar a iniciativa de se divorciar e finalmente viver plenamente feliz com Morris. Por vezes, Barry parece ser um covarde. Mas há momentos em que conseguimos compreender a sua insegurança, principalmente considerando elementos culturais e geracionais que o permeiam. 
a gente tem que acreditar que nossos melhores anos ainda estão por vir, não que já passaram." p. 14

***

Narrado em primeira pessoa, o livro nos mantém imersos na mente de Barry, a não ser pelos capítulos intercalados em que lemos textos que remontam a um fluxo de pensamento misturado com relatos marcados pela ancestralidade da esposa de Barry, Carmel. A escrita de Bernardine é envolvente, carismática, bem-humorada. Mesmo tratando de temas pesados como o preconceito racial e sexual, e trazendo diversas reflexões sobre a questão migratória e o contexto pós-colonial, o livro consegue trazer leveza em boa parte de seus capítulos.

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O final, infelizmente, me soou meio apressado. O ritmo mudou bruscamente nos últimos capítulos, e gostaria que tivesse sido melhor desenvolvido. Ainda assim, foi uma ótima maneira de conhecer a escrita de Bernardine Evaristo. Recomendo muito a leitura para quem se afeiçoou por algum dos temas abordados na trama, que me foi ótima companhia por alguns dias. 

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ISBN: 978-85-359-3544-8

Editora: Companhia das Letras

Nota: 4/5⭐

1 Comentários

  1. Mostra ser uma história muito interessante, com temas importantes onde muitas pessoas passam por esta questão e é bom que seja mostrada no livro de modo leve e reflexivo

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