Resenha: O lugar (Annie Ernaux)

Cá estou para panfletar mais um livro da Annie Ernaux, essa autora vencedora do Nobel de literatura em 2022 que tem me conquistado a cada nova leitura. O lugar é, talvez, um de seus livros mais comentados, e suas 72 páginas me prenderam do início ao fim (deu pra ler em uma tarde!). Continue lendo para saber mais sobre o livro.

SINOPSE

Livro que lançou Annie Ernaux à fama, O lugar, inédito no Brasil, estabelece as bases para o projeto literário que Ernaux levaria adiante por três décadas de consagração crítica e sucesso de público. Nesta autossociobiografia, uma das mais importantes escritoras vivas da França se debruça sobre a vida do próprio pai para esmiuçar relações familiares e de classe, numa mistura entre história pessoal e sociologia que décadas mais tarde serviria de inspiração declarada a expoentes da auto ficção mundial e grandes nomes da literatura francesa como Édouard Louis e Didier Eribon. O resultado é um clássico moderno profundamente humano e original.

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Publicado originalmente em 1983, este livro é considerado uma autossociobiografia, termo que surgiu quase que concomitantemente à sua publicação. Nele, a autora fala sobre sua relação com o pai, e também sobre o seu próprio amadurecimento, reunindo relatos de fases diferentes da vida. 

Várias vezes, caminhando pelas ruas, eu me dizia, "eu sou uma adulta". " (p. 13)

Annie e seu pai são diferentes - ele é um homem de pouca instrução formal, de origem humilde, e por isso não entende muito bem as escolhas da filha, sua busca por sucesso acadêmico. Mas há muita riqueza nas vivências que os pais de Annie tiveram no início do século XX, lutando para sobreviver e, posteriormente, para manter um café-mercearia que eles abriram juntos. 

***

Me admira muito a simplicidade da escrita de Annie, que transmite uma mensagem de maneira concisa, direta, mas sem deixar de ser profunda ao mesmo tempo. 

Ao escrever, caminha-se no limite entre reconstruir um modo de vida em geral tratado como inferior e denunciar a condição alienante que o acompanha. [...] Eu gostaria de falar ao mesmo tempo dessa felicidade e de sua condição alienante." p. 33 

Este livro desempenha um papel. Pode ser o de traduzir a realidade da época, de retratar uma vida regida pela necessidade, de documentar o contexto francês em que a autora cresceu. Também desempenha o papel de demonstrar que é possível escrever, em poucas páginas, um relato sincero e significativo sobre suas experiências pessoais e sua própria vivência, e com significado para quem lê.

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Essa obra é sobretudo sobre o processo de Annie de encontrar seu lugar no mundo, e achei isso muito bonito. Só o que penso é: "quero ler mais dela, preciso ler mais livros dela", por que é isso que você sente ao concluir uma de suas obras. Recomendo demais essa leitura, que apesar de partir de um contexto diferente do meu, fez com que eu me identificasse muito. Vale a pena demais ler Annie Ernaux.

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ISBN: 978-65-89733-02-7

Editora: Fósforo

Nota: 5/5⭐