Perguntas que "Ensaio sobre a cegueira" me fez fazer

2023 foi o ano em que conheci Saramago. Afastei o medo de não compreender o trabalho do autor, li dois de seus livros e me surpreendi com a sua autenticidade, que só comprovou o por que de ele ser tão renomado. Mas, sobretudo, Saramago me fez questionar. Questionar o mundo em que vivemos, a razão das coisas. Suas obras um tanto fantasiosas na verdade refletem discussões que continuam atuais (e acredito que sempre serão). Hoje resolvi compartilhar algumas dessas perguntas que "Ensaio sobre a cegueira", o primeiro livro que li do autor, me fez fazer.


1. Quão facilmente uma sociedade pode perder o controle? 

Essa é uma pergunta comum que as distopias me fazem fazer. Percebo que basta uma faísca para que o caos reine, para que a ordem das coisas mude, por que vivemos num intenso "quase lá". Muitas das coisas terríveis que acontecem com os personagens do livro não precisaram de muito para que acontecessem, bastava a ausência de alguém no comando, por exemplos, ou uma escassez de recursos. 

2. Seríamos todos cegos para algum aspecto da vida? 

É bem claro que "Ensaio sobre a cegueira" não é apenas uma ficção distópica, mas também uma alegoria sobre a sociedade moderna, com personagens que, ao ficarem cegos fisicamente, parecem passar a enxergar outras coisas de seu contexto, e até mesmo a enxergar melhor o outro, o seu companheiro de dormitório, aquele que se torna seu aliado. Muitas vezes me fiz essa pergunta no decorrer do livro, se todos nós não deixamos as vezes de enxergar algo que está logo ali a nossa frente, e percebo cada vez mais que sim, os seres humanos têm essa tendência. 

3. Quais comportamentos são culturais e quais fazem parte da natureza humana? 

Todos nós seguimos uma estrutura social. Agimos como agimos não por que queremos, mas por que existe ordem, existem leis, direitos e deveres que nos conduzem. Em "Ensaio sobre a cegueira", essa estrutura social se rompe, e as pessoas passam a se comportar de maneira muito diferente. Isso se observa facilmente quando rola uma greve da polícia por exemplo e as pessoas começam a saquear lojas, sabendo que não serão punidas. Seriam esses comportamentos então apenas repelidos pelas leis, pela polícia? Somos naturalmente egoístas e apenas culturalmente sociais? Pensei muito sobre isso no decorrer do livro. 

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Há muitas outras perguntas relevantes que esse livro me fez fazer e que eu poderia trazer aqui, mas esse post é só um teste. Quero que me contem o que acharam desse formato, se querem que eu traga mais posts nesse estilo sobre outros livros também. Além de "Ensaio sobre a cegueira", no ano passado também li "As intermitências da morte" do Saramago e nos próximos meses pretendo ler "O homem duplicado" dele também, que já está aguardando ali na estante. Em breve trago as resenhas destes livros pra vocês aqui também! Por ora, fico por aqui. 

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