Resenha: Ratos e Homens (John Steinbeck)

Essa leitura veio direto do Desafio Rory Gilmore, que envolve ler todos os livros que aparecem na série Gilmore Girls. Eu nem sei exatamente em que episódio ele aparece, mas quando li a premissa e descobri que o autor foi vencedor do Nobel, achei que valeria a pena. E eu não estava enganada! Foi uma das minhas melhores leituras de 2023 e hoje vou te contar o porquê.

livro Ratos e Homens

SINOPSE

Ratos e homens, publicado originalmente em 1937, é um dos mais belos textos de John Steinbeck (1902-1968) – um dos maiores romancistas do século XX – e até hoje um dos livros mais lidos do autor. George e Lennie são dois amigos bem diferentes entre si. George é baixo e franzino, porém astuto, e Lennie é grandalhão, uma verdadeira fortaleza humana, mas com a inteligência de uma criança. Só o que os une é a amizade e a posição de marginalizados pelo sistema, o fato de serem homens sem nada na vida, sequer família, que trabalham fazendo bicos em fazendas da Califórnia durante a recessão econômica americana da década de 30. Ganham pouco mais do que comida e moradia. No caminho, encontram outros sujeitos pobres e explorados, mas também situações que colocam em risco a sua miserável e humilde existência. Em Ratos e homens, Steinbeck levou à maestria sua capacidade de compor personagens tão cativantes quanto realistas e de, ao contar uma história específica, falar de sentimentos comuns a todos seres humanos, como a solidão e a ânsia por uma vida digna. Um clássico sobre o doloroso período da Grande Depressão americana. Uma peça de ficção para ser lida e relida.

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livro Ratos e Homens

Este é um livro curto, que de cara nos apresenta a dinâmica dos protagonistas: uma dupla um tanto inusitada, dois homens bastante diferentes, mas que parecem se completar. George com sua esperteza, rápido em analisar as situações, sempre em busca de um trabalho que permita que ele e Lennie, seu companheiro de inteligência reduzida e forte como um touro, possam ter uma vida digna. Esses dois perambulam por aí em busca de serviço, mas parecem não durar muito tempo em um, por razões que descobrimos ao longo da leitura.

Essa gente num pertence a lugá nenhum. Eles vai até uma fazenda e trabaia pra ganhá um dinhero e daí vai pra cidade gastá o dinhero, e logo já tá lá, arrastando o rabo em otra fazenda. Essa gente num tem nada que esperá do futuro." p. 25

Logo descobrimos que esse contexto não é exclusivo dos protagonistas, já que muitos outros trabalhadores vivem em condições semelhantes naquela região, sem moradia fixa, trabalhando em troca de um lugar pra dormir, um prato pra comer e alguns trocados. Solitários, sem muita perspectiva de vida, encontram conforto em jogos, bebida, em uma noite de diversão entre muitas de fadiga. 

A gente precisa de alguém...pra ouvi a gente. - Choramingou: - Qualqué pessoa fica loca se num tivé ninguém. Num faiz diferença quem tá co'a gente, só precisa tá junto. Vô dizê uma coisa - vociferou. - Vô dizê pr'ocê que a gente se sente tão sozinho que até fica doente." p. 98

O livro carrega uma clara mensagem sobre o valor das relações humanas, que aparece nos momentos de troca entre aqueles trabalhadores. É nessas trocas que vemos a personalidade de cada um deles, que geralmente, na rotina, não aparece, sendo cada um apenas mais um no campo. Quando eles sentam pra conversar, vamos descobrindo sobre suas vidas, suas trajetórias, seus sonhos.

O elemento da violência está presente e de maneira bastante pesada no livro. Ela faz parte do cotidiano daqueles rapazes, e aparece como uma ameaça iminente. Isso cria um clima um tanto sombrio na história, que em certa medida me fez lembrar de À espera de um milagre. Ao pesquisar sobre a relação entre os dois livros, descobri que existem até alguns estudos acadêmicos comparativos sobre eles, e tudo indica que a obra de Steinbeck foi uma das inspirações para o Stephen King. 

capa ratos e homens

Acredito que um dos fatores mais tocantes em Ratos e Homens é a inocência de Lennie. Ele é aquele homenzarrão sem dimensão de sua força, que ama bichinhos fofos como coelhos, mas é capaz de estraçalha-los com as próprias mãos sem nem perceber. Ele nos dá pena, mas ao mesmo tempo nos dá medo sobre o que é capaz de fazer.

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Eu gostei bastante da história, que tem um desfecho emocionante. A escrita de Steinbeck é envolvente, apesar de na tradução parecer um pouco caricata devido às escolhas para representar o "sotaque" e a forma de falar dos personagens, como é possível perceber nas citações que eu trouxe aqui. Quero muito ler outras obras do autor, e recomendo bastante essa leitura pra quem curte um drama bem construído e repleto de boas reflexões. 

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ISBN: 978-85-254-1378-9

Editora: L&PM

Nota: 5/5⭐

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