Quando li "As mães" da Brit Bennett eu me encantei com a escrita da autora, e assim que soube do lançamento de seu novo livro fiquei com ele na lista, antes mesmo de ser publicado no Brasil. O tempo se passou e, anos depois, finalmente li este livro! E chegou a hora de contar o que achei dele.
SINOPSE
Enquanto Stella vive uma vida de branca, num contexto social confortável e longe de sua família, Desiree se casou com um homem negro retinto e teve uma filha bem mais escura que ela. Agora separada, ela volta para a sua cidade natal e tenta descobrir mais sobre o paradeiro da irmã.
Toda cidade parece diferente quando você retorna, como uma casa que teve todos os móveis deslocados dez centímetros. Você não confundiria com outra casa, mas bateria as canelas em todos os cantos." p. 22
Mais pra frente no livro o protagonismo pula uma geração e a filha de Desiree passa a ser uma peça chave para a narrativa. Histórias pagadas passam a ser recontadas e vamos descobrindo mais sobre o contexto das irmãs, da sua cidade de origem e também sobre a problemática do colorismo nos EUA.
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Eu gostei bastante dessa história, apesar de ela não ter me prendido logo de início. Na medida em que vamos conhecendo mais sobre as personagens ela vai se tornando mais interessante. Gostei bastante de como o livro atravessa décadas e conversa com outras questões sociais, como a transexualidade, trazida de forma bastante natural dentro do enredo (como deve ser). A autora denota diversas problemáticas pertinentes, como o preconceito racial e a segregação em bairros de maioria branca, e a questão da identidade e do auto-reconhecimento (afirmação) como pessoa negra.
Essa gente branca te mata se você quiser coisa demais e te mata se quiser de menos também [...] Você tem que seguir as regras deles, mas mudam as regras quando bem entendem. É diabólico, se quer saber." p. 41
A narrativa é forte e emociona com seus diferentes contextos. É interessante observar os aspectos culturais e a construção dos estereótipos que compõem o "ser branco" ou "ser negro" nos EUA. Fica o questionamento: "vale a pena viver uma farsa só para ter acesso a privilégios?". Gostei bastante de fazer essa reflexão.
Recomendo demais essa leitura e amei ler outra obra da Brit Bennett!
ISBN: 978-65-5560-154-1
Editora: Intrínseca
Nota: 4/5⭐
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