Resenha: O morro dos ventos uivantes (Emily Bronte)

Precisei de duas tentativas para poder concluir esse livro. Na primeira achei ele um tanto chato, maçante, não me cativou muito. Mas poxa, eu lia tanta coisa positiva a respeito dele! Então quando a Mell Ferraz do Literature-se propôs uma leitura conjunta de O morro dos ventos uivantes, vi que era hora de tentar de novo. E olha, valeu a pena. 

o morro dos ventos uivantes

SINOPSE

Ao voltar de uma viagem, o pai da família Earnshaw não traz consigo os presentes que os filhos lhe pediram — em vez disso, traz um garotinho perdido de pele escura, que encontrou vagando no porto. O menino ganha um nome — Heathcliff —, mas jamais um sobrenome, o primeiro dos atributos da família a que ele não terá acesso. Catherine é a única a acolhê-lo, e essa relação, repleta de amor, obsessão e vingança, atravessa gerações e não é detida nem mesmo pela morte.
Publicado pela primeira vez em 1847, O Morro dos Ventos Uivantes é um romance de igual beleza e brutalidade. Com múltiplas perspectivas narrativas, o livro toca em temas primordiais para a sociedade, como questões de alteridade, empatia, comunicação e preconceitos. Reconhecido como uma das grandes obras da literatura mundial, o livro já teve mais de 10 adaptações cinematográficas, influenciando também a música pop com a canção de Kate Bush no final da década de 1970.


livro o morro dos ventos uivantes

Este livro é a contação de uma longa fofoca. Começamos com o Mr. Lockwood, o novo morador da Granja dos Tordos, que faz parte das propriedades de Heathcliff, atual dono das terras do Morro. Lockwood é um personagem muito curioso e perspicaz, que logo pede para que sua criada Nelly Dean lhe conte a história da família de seu locador, que parece tão peculiar. 

Temos então a maior parte do livro contada por Nelly, uma narradora que carrega suas tendências e nos conta a trama sob o seu ponto de vista. Essa trama é bastante envolvente; apesar de a vida no Morro parecer monótona de longe, de perto vemos o quanto os conflitos movimentam aquela convivência. Têm dias que são uma verdadeira briga de cachorro doido, com gente praguejando, criança apanhando, criado rezando, uma agitação só. 

Traição e violência são uma retribuição justa para traição e violência." p. 247

A história ultrapassa gerações, numa inversão de papéis que por vezes confundem o leitor. O fato de a edição da Antofágica trazer uma árvore genealógica das famílias ajudou bastante. Os enlaces entre a família Earnshaw e a família Linton geraram frutos nem sempre bem quistos. 

LEIA TAMBÉM: Resenha: 1984 (George Orwell)

o morro dos ventos uivantes

Esta é uma obra bem mais violenta do que eu imaginava. A violência está nas palavras, nas atitudes, no racismo. Até onde existe amor parece não existir afeto, com os personagens quase sempre em sofrimento. Apesar de se passar no campo, a energia é caótica; ninguém dorme bem, ninguém come bem. Há também um discurso de vingança iminente que vem de vários lados da história.

O livro cumpre bem o papel de entretenimento que lhe cabia na época, numa narrativa repleta de acontecimentos que nos deixam curiosos sobre o que mais está por vir. Ele apresenta duas famílias bastante diferentes que vão se contaminando, e os personagens se transformam ao longo do tempo. 

— Que vergonha! Que vergonha! — repetiu ela, com raiva — Grande amiga, você! Com esse veneno todo, é pior que vinte inimigos!" p. 156

Também há fantasias, ilusões. Alguns personagens almejam uma realidade impossível, criam expectativas inalcançáveis uns sobre os outros. São opostos que se atraem, características que se misturam e se contradizem. Há também uma dicotomia presente em toda a obra entre o que é selvagem e o que é civilizado, que espelha muito do contexto histórica da obra, numa Inglaterra do século XIX. 

O fim do livro é bastante satisfatório, bem amarrado, e me agradou bastante. É um final de superação, e que acontece através da leitura, o que é bonito de ver. Foi um ótimo primeiro contato com o trabalho das famosas irmãs Bronte. 

COMPRE AQUI ESTE LIVRO

ISBN: 978-6586490299 | Editora: Antofágica

Páginas: 484 | Nota: 4,5/5⭐

1 Comentários

  1. Me chamou muito a atenção para esta história e curiosidade por conhecê-la. Um título que já conhecia e muito pouco sabia. Já está na lista de leitura futura depois deste resenha. Grata🥰👏🏼👏🏼

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Política de Privacidade Política de Cookies Termos e Condições