Eu sou leitora desde a infância, porém sempre acreditei que cada livro tem o momento certo de entrar em nossa vida. Meus primeiros anos como leitora foram rodeados por histórias infantis, feitas para a minha idade, e na adolescência foquei na leitura de obras infanto-juvenis que muito me encantaram. Quando tive que ler Machado de Assis, José de Alencar, Tomaz Antonio Gonzaga etc. para as aulas de literatura da escola, não consegui me conectar com suas obras. Não era o momento pra elas. Aqueles livros não me entretinham, apesar de eu ter tido outros colegas que gostaram. Mas eu sempre pensava que, no futuro, eu poderia dar outra chance pra elas. Esse foi o segredo para que eu não crescesse com medo dos clássicos. Bastava entender que cada leitura tem seu momento, e que nem sempre estamos na melhor fase para compreendê-las.
Outro fator importante é não se prender a alguns comentários negativos sobre uma obra. Recentemente li Ensaio sobre a cegueira acreditando que seria uma leitura de difícil compreensão, muito densa, pois sempre ouvia isso sobre o Saramago. E não é que discordei? Achei sua escrita bem fluída, nada complicada, só um pouco diferente por conta de seu estilo próprio e do português de Portugal. Me surpreendi com o quanto a minha expectativa sobre o que seria essa experiência de leitura foi diferente da realidade.
Mas pra quê ler os clássicos?
Ler livros clássicos é como abrir uma janela para o passado e contemplar o tecido da humanidade ao longo do tempo. Essas obras atemporais nos oferecem mais do que uma simples narrativa; elas nos proporcionam insights profundos sobre a natureza humana, a sociedade e o mundo que nos cerca.
Os clássicos oferecem uma riqueza de experiências e conhecimentos, muitas vezes enraizados em reflexões sobre ética, moralidade e valores universais. Ao mergulhar nessas páginas, somos transportados para diferentes épocas e culturas, ampliando nossa compreensão do mundo e enriquecendo nosso vocabulário.
Além disso, os clássicos desafiam nossa mente e nos convidam a refletir sobre questões fundamentais da existência. Eles apresentam personagens complexos e situações intricadas que nos incentivam a explorar os matizes da condição humana e a analisar nossa própria vida à luz das experiências ficcionais.
Ao ler livros clássicos, estamos conectando-nos a uma herança literária que moldou a forma como pensamos, agimos e percebemos o mundo. Eles nos lembram que, apesar das mudanças ao longo dos séculos, as emoções e dilemas humanos essenciais permanecem os mesmos.
Em resumo, a leitura de livros clássicos é uma jornada intelectual e emocional que enriquece nossa alma, expande nossa mente e nos aproxima da essência do ser humano. Vale a pena mergulhar nesse vasto oceano de sabedoria e beleza que os clássicos literários têm a oferecer.
imagem: companhia das letras |
Dicas práticas para perder o medo dos clássicos
Perder o medo de ler livros clássicos pode parecer desafiador à primeira vista, mas é um passo valioso para ampliar horizontes literários e culturais. Aqui estão cinco dicas para ajudá-lo nessa jornada:
Comece com clássicos acessíveis:
Inicie sua jornada pelos clássicos com obras consideradas mais acessíveis ou curtas. Escolha títulos que possuam uma linguagem mais contemporânea ou que abordem temas que despertem seu interesse pessoal. Alguns exemplos são "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry ou "A Revolução dos Bichos" de George Orwell.
Estabeleça metas realistas de leitura:
Divida a leitura dos clássicos em partes menores e estabeleça metas diárias ou semanais realistas. Ler um capítulo por dia ou dedicar 30 minutos de leitura contínua pode tornar a experiência mais gerenciável e menos intimidante.
Participe de clubes de leitura ou discussões:
Junte-se a grupos de leitura ou comunidades online que estejam focados na leitura de clássicos. Compartilhar suas experiências, dúvidas e descobertas com outros leitores pode criar um ambiente de apoio e encorajamento, ajudando a superar qualquer apreensão inicial.
Utilize recursos complementares:
Ao ler um livro clássico, tenha à disposição dicionários, guias de leitura, resenhas ou análises para auxiliar na compreensão do contexto histórico, vocabulário e temáticas abordadas. Isso pode enriquecer sua leitura e proporcionar uma compreensão mais profunda da obra.
Abra-se para a experiência:
Encare a leitura de um livro clássico como uma aventura intelectual e emocional. Esteja disposto a se envolver na história, a conhecer personagens complexos e a refletir sobre questões atemporais. Deixe-se levar pela narrativa e, mesmo que alguns pontos sejam desafiadores, lembre-se de que é parte do processo de crescimento literário e pessoal.
Ler livros clássicos é uma jornada enriquecedora que pode transformar sua visão de mundo e aprofundar sua apreciação pela literatura. A chave é começar com passos pequenos e gradualmente explorar novas obras e autores, descobrindo o prazer e a relevância que os clássicos podem oferecer.
Eu confesso que faço parte desse recorte de pessoas que se afastaram da leitura por conta da obrigação de ler clássicos no ensino médio, foi só depois de um bom tempo que consegui me livrar dessa aversão e Coração das Trevas e Revolução dos Bichos são ótimos para quebrar esse sentimento negativo.
ResponderExcluirÓtimo post!
Sempre gostei dos clássicos. Em sua maioria são histórias muito interessantes e envolventes, pelo menos os que li me agradaram muito. Tenho lido menos atualmente, até pelo fato de ter muitas leituras também maravilhosas para ler. Mas pretendo intercalar alguns as leituras atuais pois tem alguns clássicos que quero muito ler e outros quero reler pois faz tempo que os li 🥰 Parabéns pelo belo post, que ele abra mentes e corações para leituras clássicas que, por qual que seja o motivo foram deixadas de lado 👏🏼👏🏼👏🏼📚📚
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