SINOPSE
Sobre a Terra Somos Belos por um Instante é uma carta de um filho para uma mãe que não sabe ler. Escrita quando o narrador, Cachorrinho, está perto dos trinta anos, a carta traz à luz uma história de família que começou antes de ele nascer – uma história cujo epicentro tem suas raízes no Vietnã e que chega a Hartford, no Connecticut – e que serve como porta de entrada para partes da vida dele que a mãe jamais conheceu, tudo levando a uma inesquecível revelação.Testemunho do amor angustiado, porém inegável, entre uma mãe solteira e seu filho, Sobre a Terra Somos Belos um Instante é também uma exploração brutalmente honesta de raça, classe e masculinidade. Fazendo perguntas centrais para o momento americano, imerso no vício, na violência e no trauma, mas sustentado pela ternura e pela compaixão, é um livro sobre o poder de se contar a própria história, e sobre o silêncio aniquilador de não ser ouvido.
Com urgência e beleza atordoantes, Ocean Vuong escreve sobre pessoas que se veem entre mundos díspares, questionando como podemos curar e resgatar uns aos outros sem abandonar quem somos. A pergunta sobre como sobreviver, e sobre como fazer disso uma espécie de alegria, é o combustível desse retrato perturbador de uma família, de um primeiro amor, e do poder redentor de contar histórias.
Quando uma guerra acaba? Quando eu vou poder dizer o teu nome e fazer com que ele signifique apenas o teu nome e não o que você deixou pra trás?" p. 19
As primeiras páginas do livro são um pouco difíceis, não me prenderam logo de cara. O autor chegou a afirmar que escreveu um "romance fantasma", e isso descreve um pouco da sensação que eu tive: de ler algo distante, não palpável. Mas aos poucos a visceralidade dos relatos conseguiram me aproximar do que estava sendo contado, e me encantei pelo livro.
LEIA TAMBÉM: A vegetariana, de Han Kang
Gosto muito deste formato epistolar, escrito em cartas. Torna a narrativa bem mais intimista, chegando a dar a impressão que estamos lendo algo particular demais, que pertence a outra pessoa. O protagonista, chamado de "Cachorrinho", se torna uma ponte entre a sua família vietnamita e o seu novo lar em Connecticut, sendo um tradutor e defensor de seus pares. Mas ele também enfrenta os seus problemas pessoais, tentando construir sua própria trajetória e descobrir mais sobre si mesmo.
Em alguns trechos o livro soa como uma confissão. Um retrato daquilo que Cachorrinho gostaria de poder dizer para a mãe, mas não pode. Sabendo que ela nunca irá ler, ele despeja tudo. Sobre os problemas que passou com a mãe, sobre a violência, o medo. Sobre sua sexualidade, suas descobertas. O livro carrega um tom autoficcional, trazendo experiências que podem ou não ter sido vividas pelo autor. Afinal, são experiências com que vários imigrantes devem se identificar.
Eu cheguei a ser tolo o bastante para achar que o conhecimento seria esclarecedor, mas tem coisas que são tão nebulosas por trás de camadas de sintaxe e semântica, por trás de dias e horas, nomes esquecidos, recuperados e perdidos, que simplesmente saber que a ferida existe não faz nada para revelá-la." p. 64
A experiência de leitura deste livro foi muito interessante, repleta de reflexões. Há leveza e há destruição. Preferi não contar tanto sobre o enredo por que foi assim que peguei esse livro pra ler, sem conhecer muito do que se tratava, e foi maravilhoso desbravá-lo desta forma. Recomendo muito a leitura para quem está buscando um livro que o faça "sentir". As vezes isso é tudo o que precisamos.
ISBN: 978-65-5532-003-9
Editora: Rocco
Nota: 4/5 ⭐
0 Comentários
Postar um comentário