Há algumas semanas eu finalmente li este livro que é um ícone da Dark Academia, amplamente compartilhado no Tumblr e boards do Pinterest da vida. Li O Pintassilgo em 2018 e na época fiquei encantada pela escrita da autora, que com aquela obra venceu o Prêmio Pulitzer e se consagrou no meio literário. Por isso fiquei super animada para ler este livro quando o recebi através da parceria com a Companhia das Letras, e abaixo compartilho as minhas impressões sobre esta leitura.
SINOPSE
Quem conta a história é Richard Papen, garotão da ensolarada Califórnia que consegue ser admitido na seleta Hampden, uma universidade em Vermont frequentada pela elite norte-americana. Richard imagina ter atingido o Olimpo ao entrar para o círculo mais privilegiado daquela universidade. Cinco alunos, sofisticados e originais, selecionados por um mestre erudito e carismático, dedicam-se ao estudo da Grécia antiga. A eles junta-se o narrador, para participar da busca da verdade e da beleza, entre festas orgiásticas e finais de semana numa antiga casa de campo, regados a muito álcool e discussões filosóficas. A loucura desmedida certa vez termina numa orgia cujo ponto culminante é um ato de violência inominável e o suposto aparecimento do próprio Dioniso, numa de suas diversas manifestações.
Quando descobre a terrível verdade, Richard envolve-se numa cadeia de segredos e cumplicidades, num encadeamento de medos e inseguranças que leva o grupo a cometer um ato ainda mais terrível. Melancólico e irônico, este é um romance feito de terror e prazer, remorso e decepção. Com ele, Donna Tartt revelou-se uma grande escritora já em seu livro de estreia.
Naquele lugar sóbrio e academicista, algumas pessoas passam a intrigar Richard: são os integrantes de um grupo de estudos de grego, liderado por um excêntrico professor. Após certa insistência, Richard consegue entrar para o grupo, que demonstra possuir muito mais segredos do que ele imaginava.
É terrível descobrir, na infância, que o indivíduo vive isolado do mundo inteiro, que ninguém e mais nada pode sofrer a dor da sua língua queimada ou joelho ralado, que os sofrimentos e pesares pertencem apenas a cada um. Mais terrível ainda, quando crescemos, é aprender que nenhuma pessoa, por mais que nos ame, pode nos compreender verdadeiramente." p. 43
Nos integrantes do grupo há mais defeitos do que qualidades, e o caráter pretencioso deles acaba fazendo com que o livro soe pretencioso em alguns momentos. São cinco jovens: Francis, Henry, Charles, Camila e Bunny, além do mais novo integrante e nosso protagonista, Richard, que é uma espécie de outsider no meio daquela galera rica e repleta de privilégios. Entretanto, Richard faz tudo para ser um deles, não só buscando aceitação, mas pelo que parece ser um interesse em estar por dentro daquele universo que agora tornou-se sua vida.
Por mais horrível que fosse a presente escuridão, eu temia trocá-la por outra escuridão, permanente [...]" p. 455
Lemos o livro sabendo desde o começo que, no presente, o Bunny está morto. Resta saber o que aconteceu e quais fatos levaram a este fim trágico do personagem. A leitura se torna bastante intrigante por conta disto, além do fato de a narração um tanto tendenciosa de Richard nos deixar famintos por outros pontos de vista da trama.
O enredo traz vários detalhes interessantes, mas ao concluir a leitura percebi que nem todos eles foram bem utilizados. As discussões trazidas pelo professor nas aulas de grego se relacionam com o comportamento dos alunos e seus dilemas morais. Alguns trechos me fizeram escrever "aff" nas bordas, como uma comparação repleta de preconceito feita pelo Richard entre uma garota e a autora Sylvia Plath. Sendo este o meu segundo livro da Donna Tartt, me parece que a autora gosta de escrever personagens masculinos, mas que a visão sobre as mulheres que ela imprime nesses personagens acaba sendo, por vezes, sexista. Você lê tendo ódio deles, mas a trama é boa o suficiente pra te deixar curioso pelo que está por vir.
É possível perceber muitas referências na obra, como o clássico "Crime e Castigo", do Dostoievski, que foi uma das minhas leituras recentes e possui, em vários aspectos, uma trama semelhante à deste livro. Há ainda as incansáveis menções à cultura e aos pensadores gregos, que apesar de serem interessantes acabam contribuindo com aquele já mencionado ar pretencioso da obra.
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A verdade é que me peguei várias vezes pensando "haverá no mundo um grupo de jovens assim?", e cheguei à conclusão de que só numa ficção da Donna Tartt mesmo.
ISBN: 978-85-7164-437-3
Editora: Companhia das Letras
Nota: 3/5 ⭐
Que resenha mais maravilhosa! Estou no comecinho introdutório de "O Pintassilgo", só consigo pensar no porquê de eu ter demorado tanto a ler a famigerada Donna Tartt e mesmo assim já posso dizer que: essa mulher é a Donna do meu coração. (Tá, eu precisava dizer essa). Voltando à tragédia grega que é A História Secreta, sempre me senti atraída de um jeito inexplicável por essa sinopse, como se ela exercesse algum tipo de magnetismo sobre mim, e a sua crítica só me deixou ainda mais curiosa agora. Bem escrita, nada supérflua e sincerona, do jeitinho que eu amo. No entanto, confesso que esse lance de sexismo me deixou um tanto preocupada 🤡 mas né, devido à época em que foi escrito, acho que vai dar pra relevar sóóó um tantinho minúsculo. Enfim. Tô sem palavras perante a essas fotos, que me arrebataram de um jeito que UAU!!!! UMAS BELDADES! 😍😍😍
ResponderExcluirLi os 3 livros dela traduzidos no Brasil. Percebi uma coisa interessante. Todos os 3 começam com uma morte.
ResponderExcluirRealmente! Pra mim só falta "O amigo de infância", que tá esgotado em tudo que é canto :/
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