Literatura negra: 7 livros para ler o quanto antes

Já faz alguns anos que as discussões sobre racismo me fizeram refletir sobre a minha identidade, me reconhecer como mulher preta e buscar lutar contra este problema estrutural. Isso fez com que eu olhasse também para a minha estante, onde percebi um baixo números de obras escritas por autores pretos. Desde então busquei mudar isso, passei a ler mais livros fora do eixo branco norte-americano e europeu e passei a ter mais contato com autores pretos. Infelizmente ainda não consegui ler todos, e neste Dia da Consciência Negra resolvi indicar algumas das obras (acompanhadas de suas sinopses) que estão na minha fila para ser lidas o quanto antes.

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Uma orquestra de minorias - Chigozie Obioma


Narrado por um espírito ancestral, uma entidade típica da mitologia nigeriana, Uma orquestra de minorias conta a história de um jovem humilde que, ao se apaixonar pela primeira vez por uma moça rica, decide largar tudo que lhe é mais caro para provar à sua amada, à família dela e a si mesmo que, assim como as aves que tanto admira, ele também pode voar alto. O que ele não imagina, porém, é que o destino lhe mostrará que nem todas as aves, apesar de suas asas, foram feitas para ganhar o mundo, assim como alguns homens nasceram para manter os pés fincados no chão.

As mães - Brit Bennett


Tudo começa com um segredo. As ramificações que se seguem vão acompanhar três personagens desde o fim da adolescência até o início da vida adulta, exercendo um impacto capaz de influenciar suas trajetórias por muito tempo depois de seus anos de juventude. Em uma comunidade negra e cristã no sul da Califórnia, Nadia Turner, uma garota bonita, obstinada e ainda marcada pelo recente suicídio da mãe, será a primeira da família a cursar uma universidade, mas, antes de deixar sua cidade natal, ela se envolve com o filho do pastor da igreja, Luke Sheppard. Aos vinte e um anos, Luke é um ex-atleta que trabalha como garçom depois que uma grave lesão o afastou dos campos. Os dois são jovens e não oficializam o relacionamento, mas o segredo que resulta desse romance terá consequências maiores do que eles imaginam.
Anos depois, eles ainda vivem à sombra das escolhas da juventude e da insistente dúvida: e se tivessem feito diferente? As possibilidades do caminho não tomado se tornam uma sombra implacável.
Romance de estreia de Brit Bennett, As Mães chamou atenção dos críticos antes mesmo de ser lançado nos Estados Unidos. Com um estilo sofisticado e atual, a autora demonstra uma ampla compreensão da alma humana e de como as traições e perdas podem moldar comunidades inteiras. Uma obra necessária, que questiona até que ponto devemos servidão às decisões da juventude e às comunidades que nos criaram.

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Americanah - Chimamanda Ngozie Adichie


Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência. Principal autora nigeriana de sua geração e uma das mais destacadas da cena literária internacional, Chimamanda Ngozi Adichie parte de uma história de amor para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero. Bem-humorado, sagaz e implacável, Americanah é, além de seu romance mais arrebatador, um épico contemporâneo. “Em parte história de amor, em parte crítica social, um dos melhores romances que você lerá no ano.” - Los Angeles Times “Magistral… Uma história de amor épica…” - O, The Oprah Magazine Vencedor do National Book Critics Circle Award. Eleito um dos 10 melhores livros do ano pela NYT Book Review. Há mais de 6 meses nas listas de best-sellers. Direitos para cinema comprados por Lupita Nyong’o, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por Doze anos de escravidão.

Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus


O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem à este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.

Se a rua beale falasse - James Baldwin


Tish tem dezenove anos quando descobre que está grávida de Fonny, de 22. A sólida história de amor dos dois é interrompida bruscamente quando o rapaz é acusado de ter estuprado uma porto-riquenha, embora não haja nenhuma prova que o incrimine. Convicta da honestidade do noivo, Tish mobiliza sua família e advogados na tentativa de libertá-lo da prisão.
Se a rua Beale falasse é um romance comovente que tem o Harlem da década de 1970 como pano de fundo. Ao revelar as incertezas do futuro, a trama joga luz sobre o desespero, a tristeza e a esperança trazidos a reboque de uma sentença anunciada em um país onde a discriminação racial está profundamente arraigada no cotidiano.
Esta edição tem tradução de Jorio Dauster e inclui posfácio de Márcio Macedo.

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Ponciá Vicêncio - Conceição Evaristo


A história de Ponciá Vicêncio descreve os caminhos, as andanças, as marcas, os sonhos e os desencantos da protagonista. A autora traça a trajetória da personagem da infância à idade adulta, analisando seus afetos e desafetos e seu envolvimento com a família e os amigos. Discute a questão da identidade de Ponciá, centrada na herança identitária do avô e estabelece um diálogo entre o passado e o presente, entre a lembrança e a vivência, entre o real e o imaginado.

Bem-vindos ao paraíso - Nicole Dennis-Benn


Em um resort luxuoso nas belas praias de areia branca da Jamaica, Margot luta para manter Thandi, sua irmã mais nova, na escola. Ensinada desde pequena a usar o corpo para sobreviver, ela está determinada a proteger Thandi do mesmo destino. Mas quando a construção de um novo hotel ameaça sua vila, Margot enxerga uma oportunidade de independência financeira e a chance de admitir um segredo chocante: seu amor proibido por outra mulher. Bem-vindos ao paraíso é um romance de estreia poderoso e um hino sensível aos dramas de um mundo escondido na vasta extensão de mar turquesa, um lugar que muitos turistas veem apenas como um paraíso.

***

Através desta lista de indicações convido a todos a buscarem não só na data de hoje mas diariamente assumir uma postura antirracista. Isto se manifesta em todas as suas escolhas e atitudes, e buscar a consciência negra através dos livros é sempre uma boa alternativa. 

5 Comentários

  1. É sempre importante a gente buscar realmente quebrar padrões e valorizar a cultura negra, assim como é impreterível ter a postura anti-racista, ótimas sugestões de livros.

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  2. Preciso muito ler estes livros - O único que conheço é Quarto de Despejo, que na minha opinião deveria ser leitura obrigatória na escola e vestibulares.

    Abraços

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  3. Hoje mesmo já comentei o quanto eu gosto de posts assim, porque até pouco tempo atrás eu não tinha essa consciência da importância de representatividade na literatura. E desde que tomei essa consciência estou sempre buscando dicas e indicações, então posts como esse são sempre bem vindos! Gostei muito das suas indicações e os que mais me chamaram a atenção foram Uma orquestra de minorias e As mães.

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  4. Olá, tudo bem? Eu conheço alguns dos livros da sua lista e acredito que todas são indicações indispensáveis, principalmente, o livro da Carolina Maria de Jesus, que mostra a realidade do nosso país. Eu participo de um grupo de leitura no whatss, que tem o objetivo de ler em conjunto, literatura escrita por mulheres negras e acredito que os leitores precisam mudar um pouco a sua forma de conhecer a vida, através da literatura nacionai, negrxs e indigenas.

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  5. Olá, já li alguns dos livros citados por você... alguns foram indicação e outros porque o título chamou a minha atenção ou o nome da autora, como no caso de Quarto de despejo. Já tinha ouvido falar mas, ainda não o tinha lido. Que mulher! Foi muito bom ler.
    Para ser sincera eu nunca parei (acho que falei disso hoje, em algum lugar) para pensar no gênero ou cor dos autores que leio. Até me espantei ao ter que pensar nisso. Eu leio o que me interessa mas, entendo quando alguém fala em representatividade. Mas, acho estranho quando muitos comentam comigo "não tem livros para LGBTs e eu penso nas muitas histórias que li, de Lygia Fagundes Telles, Cassandra Rios, entre tantos outros. E quando fui olhar a cor das autoras lidas há pouco. Uma das melhores poetas brasileiras que eu li é negra-linda-maravilhosa. Gilka Machado. Que Poeta! Machado de Assis era negro, Mário de Andrade também.
    E da sua lista quero muito ler Uma orquestra de minorias (não conhecia) e já encomendei.
    Grata por me propor olhar para a minha prateleira.
    Ah, vou lançar em novembro o livro de uma poeta-negra-mulher-maravilhosa-contemporânea, Kátia Castañeda. Ela é ativista e um ser humano raro-maravilhoso, cheia de histórias e ancestralidade.

    bacio

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