SINOPSE
Situado no futuro distópico do aclamado Oryx e Crake, O ano do dilúvio é ao mesmo tempo um emocionante conto sobre a amizade e outro marco da ficção especulativa de Margaret Atwood. A sociedade e as espécies têm mudado rapidamente, e o pacto social em pouco tempo se torna tão frágil quanto a estabilidade ambiental. Adão Um, o gentil líder dos Jardineiros de Deus – uma seita dedicada à fusão da ciência e religião, bem como à preservação de toda a vida vegetal e animal –, há muito tempo prevê um desastre natural que alterará a Terra como a conhecemos. Agora, a tragédia anunciada finalmente entrou em curso, obliterando a maior parte da vida humana. Duas mulheres sobreviveram: Ren, uma jovem dançarina trancada dentro de um bordel de primeira classe, e Toby, uma Jardineira de Deus, entrincheirada em um luxuoso spa, onde muitos dos tratamentos medicinais são comestíveis. Haveria outros sobreviventes? Amanda, a bioartista amiga de Ren? Zeb, seu padrasto e defensor? Jimmy, seu antigo namorado, que conhecemos em Oryx e Crake? Teriam os degredados da Arena Painball escapado? Enquanto isso, as formas de vida ligadas à manipulação genética estão proliferando: a mistura de carneiro e leão, as cabras de pelos longos, os porcos com tecido cerebral humano. Enquanto Adão Um e seu bando percorrem este estranho mundo novo em meio às novas forças dominantes, Ren e Toby terão que decidir seus próximos passos. Mas antes precisam escapar de seu confinamento. Sombrio, irônico e provocador, o segundo livro da trilogia MaddAddão é mais uma prova do poder visionário de Atwood.
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Deus não pode ser entendido a partir de interpretações tão literais e materialistas, assim como não pode ser mensurado pelas medidas humanas, pois dos dias Dele são eternidade e milhares de eras do tempo humano correspondem a uma noite para Ele." p. 23Este é um livro repleto de referências religiosas e reflexões filosóficas. Os Jardineiros de Deus são um grupo religioso, mas que também têm a natureza como divindade. Eles são em sua maioria veganos e vivem um estilo de vida que é criticado por outros setores da sociedade, que é extremamente consumista e marcada por desigualdades. Nada muito diferente dos nosso dias, certo?
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Cada capítulo é antecedido por uma fala do líder Adão em diferentes anos e um cântico dos Jardineiros de Deus. Eles possuem diversas datas comemorativas e vários desses cânticos são relacionados a elas. No início de cada capítulo temos o nome de quem o narra, alternando entre as perspectivas de Toby e Ren.
Até a metade do livro senti que a Toby foi melhor desenvolvida, o que fez com que eu me conectasse mais com ela. Por ela ser mais velha e possuir um passado tenebroso, suas camadas acabam sendo mais interessantes. A Ren é um pouco mais vazia, confusa e desencontrada com a vida, e possui uma amizade complexa com outra personagem que se torna bem importante na história: Amanda.
Eles nos ensinavam a confiar na memória, porque só se deve confiar no que não está escrito. O espírito viaja de boca em boca, não de coisa em coisa: livros podem ser queimados, documentos podem ser rasgados, computadores podem ser destruídos. Somente o espírito vive para sempre, e o espírito não é uma coisa." p. 17Algo perceptível é como a linguagem a escrita são temas recorrentes nas obras da Margaret Atwood. Aqui os Jardineiros evitam escrever para não deixar rastros. No livro anterior, vemos como os poucos registros existentes são o que resta numa sociedade devastada. E em O conto da aia, vemos a proibição da leitura como controle da liberdade e do acesso à informação. Discussões sobre esse acesso são comuns em obras distópicas, como vemos em Fahrenheit 451, e é muito importante de ser discutido. Em meio à crises, as classes dominantes tendem a se voltar contra a leitura; e isso está longe de existir apenas na ficção.
Vários outros temas pertinentes para a nossa sociedade atual também são discutidos neste livro, incluindo o contexto pandêmico. É uma leitura que vai te fazer fugir da realidade, mas ao mesmo tempo refletir sobre ela. Mas se você não está querendo ler algo que te lembre do contexto que estamos vivendo, talvez ler este livro durante a quarentena não seja a melhor opção.
Com O ano do dilúvio, a Margaret Atwood conseguiu me deixar ainda mais imersa nessa trilogia fantástica. Apesar disso, alguns elementos me incomodaram: certas mudanças foram feitas de forma muito abrupta, deixando uma carência de explicações. São coisas que me irritaram por serem tratadas com muita naturalidade, como se não fosse importante justificá-las.
Estou animada para ler MaddAddão, que é o último livro da trilogia e que também dá nome à ela. Já garanti o meu exemplar na Book Friday da Amazon e tô só esperando chegar! Fiquem ligados aqui no blog para conferir a próxima resenha.
ISBN: 978-85-325-2632-8
Editora: Rocco
Nota: 4/5⭐
A capa desse livro é muito linda, ouvi falar muito bem da escrita da Atwood então imagino que nesse também não tenha sido diferente, hehe.
ResponderExcluirAcho bem intrigante essa mistura de ciência com religião, e pensar que já fomos assim e as vezes da a impressão que algumas pessoas tentam fazer com que isso volte a acontecer me dá certa angústia, hehe.
Enfim ótima resenha :)
Tenho aqui O Conto da Aia da autora, mas ainda não li. Preferi adiar um pouco a leitura devido ao momento em que estamos, mas tenho certeza que quando ler vou gostar bastante <3 não conhecia esse livro dela, mas só pela capa já seria um livro que me interessaria!
ResponderExcluirDe um tempo pra cá só ouço a pessoas falarem sobre ela hahaha positivamente!
ResponderExcluirEssa obra em si eu nunca tinha visto, mas fiquei muito curiosa, mais do que o conto de aia. Com certeza vou dar uma chance pra autora