Neste ano, até então, li apenas 12 livros. Para alguns pode parecer muito, para outros, muito pouco. Para mim isso foi ótimo, por dois motivos: 1. Esse número era a minha meta de leituras para 2018, pois uma vez que este foi o meu último ano de faculdade, eu nunca conseguiria dar conta de ler mais do que um livro por mês 2. As leituras que fiz foram tão significativas, impactantes e transformadoras para mim, que sinto que estes livros valeram bem mais do que se eu tivesse livro 52 que não fossem tão marcantes. Dentre essas leituras, um dos livros que se destacou foi The Handmaid's Tale, traduzido para o Brasil como O Conto da Aia.
Apesar de sua primeira edição datar de 1985 e ter recebido boas críticas, The Handmaid's Tale se tornou um grande sucesso internacional apenas de um ano pra cá. Isso se deu por conta da adaptação para a TV feita pela HBO, com uma série que já está caminhando para a sua terceira temporada. Outro motivo para a história ter caído no gosto de muita gente está no fato de seu cenário distópico retratar uma realidade chocante que traduz muito dos acontecimentos recentes de nossa sociedade.
No livro conhecemos a República de Gilead (antigo EUA), onde a sociedade é organizada de uma maneira nada usual, porém não tão impossível aos olhos de quem enxerga os problemas que a nossa sociedade real enfrenta. Primeiro, tem-se os homens no poder político, econômico e mesmo cultural. As mulheres, apesar de terem papéis importantes nesta sociedade, são subjugadas o tempo inteiro, e divididas em algumas "castas": as esposas ocupam os melhores espaços, aos lados dos homens importantes o bastante para possuí-las; as marthas cuidam dos serviços domésticos, e são designadas às casas das famílias poderosas; as aias, que são protagonistas desta história, são responsáveis pela reprodução, funcionando como barrigas de aluguel para as famílias mais abastadas; as tias são instrutoras das aias, sendo responsáveis por seu treinamento e disciplina; e as mulheres que não servem para nada disso, são jogadas ao trabalho forçado em minas de material tóxico, sendo chamadas de não mulheres.
Se você ainda não conhece essa história, deve estar se perguntando o que motivou a criação desta sociedade. A resposta: a manutenção da espécie humana. Pelo menos foi esse o argumento utilizado por aqueles que a instauraram. Nessa distopia, as taxas de natalidade estavam se tornando cada vez menores devido ao alto índice de infertilidade e o uso de métodos contraceptivos, o que preocupava autoridades e inspirava seitas religiosas a pregar a ideia de que algo precisava ser feito. Utilizando uma interpretação distorcida da bíblia, foi-se convencendo mais e mais pessoas de que a solução para esse problema era obrigar as mulheres férteis a procriarem, fazendo com que elas entregassem os seus filhos a famílias abastadas o suficiente para criarem as crianças em boas condições. E assim, uma ideologia louca foi surgindo e transformando um país inteiro.
Vemos toda essa história sob o ponto de vista da June, uma aia que foi separada de sua família e designada para um lar extremamente conturbado, onde passa a ser chamada de Offred. Em meio à opressão desse Estado totalitário, ela luta para descobrir o paradeiro de seu marido e filha, tentando sobreviver num ambiente repleto de regras e tendo todos os seus passos observados.
Este livro me fez abrir os olhos para o poder que uma ideia tem. E a medida que uma ideia se propaga, mesmo que ela pareça louca, mesmo que ela seja rechaçada pela mídia e por autoridades, pessoas vão se convencendo de que essa ideia pode ser a solução para os seus problemas. Entretanto, quando uma ideia coloca os direitos de uns em detrimento do de outros, ela se torna uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer momento, sendo jogada de mão em mão até a sua explosão.
Qualquer semelhança com o que vemos atualmente no Brasil e no mundo não é mera coincidência.
Recomendo muito a leitura deste livro para quem se interessa por distopias e histórias que debatem problemas sociais. Também recomendo muito a série, que de certa forma se destaca mais do que o livro por expandir ainda mais as discussões que foram iniciadas pela Margaret Atwood em sua obra. Me tornei fã da autora, e já estou com outro livro dela na minha TBR - descubra qual é no meu book haul da black friday.
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ISBN: 85-325-2066-9
Editora: Rocco
Nota: 5/5
Também adoro distopias, e essa deve tocar vocês mulheres de maneira muito profunda, confesso que não conhecia a obra antes de ouvir falar na serie, que por sinal da na minha lista de séries pra assistir, hehehe.
ResponderExcluirEnfim, o que você falou é realmente verdade, desde V de vingança eu percebo que ideias e ideais tem um poder muito grande, especialmente os apelos populistas e simplistas.
George Orwell disse em uma entrevista que a moral dos livros dele é: "não deixe acontecer, depende de você"
A leitura é mesmo muito impactante para nós mulheres. Vi relatos de meninas que não conseguiram ler por conta do quão chocante algumas cenas são! E acho que a moral das distopias é bem isso que o George Orwell disse mesmo.
Excluireu li esse livro ano passado, antes da 2 temporada da serie ser lançada. é mesmo uma distopia maravilhosa, que td mundo deveria ler, ainda mais no momento politico atual do nosso país...
ResponderExcluirwww.tofucolorido.com.br
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Pois é, Lívia! Esse livro devia se tornar leitura obrigatória. E a série também é incrível!
ExcluirEsse livro tem estado em alta na blogosfera. Muitxs blogueirxs tem feito resenhas sobre ele, o que demonstra significativamente o sucesso da obra.
ResponderExcluirNo seu caso, bacana ele ter estado entre as suas 12 leituras do ano e ter sido um livro que valeu a pena. É ótima está sensação.
Parabéns pelo post e pela resenha!
Fico feliz que tenha gostado, xará! hehe O livro tem feito muito sucesso mesmo.
Excluir12 livros lidos!! parabens eu preciso tirar um tempinho p voltar a ler! Pelo seu post esse livro parece ser bem interessante gostei, quem sabe ele não seja o primeiro da minha listinha de retorno!
ResponderExcluirhttps://inspiracoesdechocolate.blogspot.com
Espero que a leitura se torne uma das suas metas para o próximo ano então, Nani! Que tal? Aproveita e adiciona esse livro na sua listinha mesmo <3
ExcluirOi,
ResponderExcluirPrimeiramente, parabéns pelos 12 livros lidos esse ano, assim como pela resenha.Eu tenho esse livro, mas ainda não li. Já vou colocá-lo no topo da minha lista!
Beijos
Obrigada! Espero que aprecie a leitura, depois volta pra me contar o que achou! <3
ExcluirThe Handmaid's Tale ainda não vi, achei curioso a tradução pro Brasil. Com certeza ótima dica de leitura, quero fazer maratona da serie em breve.
ResponderExcluiresse conto é maravilhoso, quero ler com certeza!
ResponderExcluirMuito interessante este livro, ficou chamativa as imagens escolhidas
ResponderExcluirFiquei bem curiosa com esse livro, não tinha ouvido falar ainda (nem da série!).
ResponderExcluirParece super denso, aquelas histórias que nos deixam aflitos.
Quem sabe uma hora resolvo ler =)
ótima resenha, super bem escrita, mas o que me surpreendeu foram as fotos, maravilhosas ! você tem um ótimo olhar
ResponderExcluirIniciei a leitura deste livro há pouco tempo, mas ainda não consegui terminar. Quero ver se neste final de semana pego ele de novo :D
ResponderExcluirJá assisti à série e gostei bastante, exceto do final da segunda temporada heheh
12 livros no ano final da faculdade é excelente e não conhecia a série e tô louca para ler essa estória distorcida da dessa nova sociedade mas se parar observar ele é sempre bem atual e ela está por em quase todas as sociedades com todas as suas obrigações e proibições com as mulheres e os sempre em posição de poder e a sociedade mais abastadas pisando no resto da sociedade abaixo deles AFF.bjss obrigada pela dica e com certeza já quero na íntegra
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